Práticas de ESG ganham espaço nas estratégias das indústrias
Aliar a geração de valor econômico às questões socioambientais e de governança corporativa é um dos desafios dos segmentos produtivos, especialmente da indústria, que sempre atuou como propulsora de inovações e tecnologias, alinhada às transformações da sociedade. É por isso que a sigla ESG (da expressão em inglês Environmental, Social, and Corporate Governance) está na pauta das discussões e vem ganhando cada vez mais espaço nas estratégias dos negócios.
Uma consulta realizada em 2022 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 100 empresas, para avaliar o grau de incorporação dos critérios ESG nas indústrias brasileiras, mostrou que 71% das respondentes estão planejando ou já adotam medidas sustentáveis como parte de sua estratégia corporativa. O dado mostra a mobilização das indústrias para incluir, em seus planejamentos estratégicos, ações de ESG como fator essencial para a melhoria do desempenho operacional, da transparência e do diálogo com as partes interessadas.
Para apoiar as indústrias baianas nesta agenda, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que comemora 75 anos no mês de maio, tem atuado como agente indutor, buscando fomentar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento sustentável da indústria no estado. “Reforçamos junto às empresas associadas que o negócio pode até ser promissor e com probabilidade de lucro, mas o que é decisivo para o mercado de investimento internacional são as boas práticas empresariais, que incorporam cuidados ambientais, valores sociais e governança corporativa de excelência”, ressalta a gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB (GMARS), Arlinda Negreiros.
🎧Ouça: Gerente da GMARS explica as vantagens de seguir os critérios ESG
Empresas dos principais segmentos produtivos, como o Químico, Mineração, Construção Civil e Papel e Celulose, estão à frente deste movimento. Um exemplo é o da Jacobina Mineração/Pan American Silver, que recebeu, em março deste ano, um certificado inédito da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atestando a conformidade em relação aos requisitos propostos na Prática Recomendada 2030 Ambiental, social e governança (ESG) – Conceitos, diretrizes e modelo de avaliação e direcionamento para organizações.
“Desde a sua criação, a JMC sempre cumpriu o compromisso de buscar o sucesso do negócio sem negligenciar o bem-estar das pessoas e a preservação do meio ambiente, para promover o desenvolvimento pleno do território onde estamos. Não podemos esperar até as vésperas de 2030 para assumir a nossa parcela de responsabilidade como agentes de transformação. Por isso, fazer parte dessa iniciativa representa um grande passo”, afirmou o vice-presidente de Operações Brasil-Argentina da empresa, Sandro da Silva Magalhães, ao receber o certificado.
A Norma inédita, resultado de um trabalho liderado pela ABNT na Organização Internacional de Normalização – ISO, alinha os principais conceitos e princípios em ESG e orienta como as organizações podem implementá-los.
Uma parceria firmada entre a FIEB e a ABNT tem como objetivo incentivar que outras empresas baianas busquem verificar o grau de maturidade que as suas práticas atendem aos critérios da Norma. A ideia é que as empresas possam participar de processos de avaliação da conformidade e programas de capacitação. “Independentemente do porte ou setor, buscamos apoiar as empresas na implantação do ESG como estratégia de melhoria de desempenho social, ambiental, econômico e de governança, com consequente aumento de competitividade e consolidação de imagem positiva junto aos stakeholders”, pontua Arlinda Negreiros, destacando outra iniciativa da FIEB para orientar as empresas neste sentido: a Cartilha ESG – Environmental, Social, Governance, elaborada pela GMARS.
Além da elaboração de materiais informativos, como a cartilha, a instituição incentiva e divulga boas práticas de gestão e tecnologias sustentáveis adotadas na indústria. Uma ação com este objetivo é o Prêmio Indústria Baiana Sustentável, realizado a cada dois anos, com a participação de empresas de diversos portes, que apresentam seus esforços para promover o desenvolvimento sustentável do nosso estado. A 14ª edição da premiação será realizada em dezembro deste ano, que encerra a programação comemorativa pelos 75 anos da FIEB. As inscrições serão abertas em junho.
“Com esses exemplos, buscamos sensibilizar as empresas, mostrando que é preciso avançar sempre, incorporando conceitos e práticas sustentáveis inovadoras”, ressalta o Presidente da FIEB, Ricardo Alban.
Compromisso com o Pacto Global e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Signatária do Pacto Global – iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção – a FIEB tem o compromisso de estimular as indústrias a adotarem na estratégia dos negócios metas que contribuam para atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ESG, na promoção de um ambiente mais favorável aos negócios na Bahia.
Um dos desafios neste processo é fazer com que os 17 ODS sejam melhor compreendidos por organizações de todos os portes. “O entendimento é de que todos podem contribuir em prol de algum ODS e ajudar ao Pacto Global a atingir os objetivos pactuados, agregando valor à sociedade e, ao mesmo tempo, fortalecendo a reputação do setor empresarial e as relações com os stakeholders”, ressalta o superintendente da FIEB, Vladson Menezes.
Internamente, a instituição tem buscado mostrar exemplo, adotando práticas de ESG na sua estratégia, com ações como o Programa de Compliance, que reforça o compromisso da organização com a ética, integridade, transparência e combate à corrupção, além da a valorização das pessoas e foco na melhoria do desempenho ambiental das entidades que fazem parte do Sistema FIEB (CIEB, SESI, SENAI, IEL e FIEB).
Um exemplo é o investimento em energia solar. O projeto de eficiência energética do Sistema FIEB contou com investimentos na ordem de R$ 6,6 milhões em unidades da capital e do interior do estado. Até fevereiro deste ano, as 11 unidades que já contam com usinas solares fotovoltaicas geraram 3.168.810 kW.h de energia, registrando, em média, uma redução de 29,77% nos gastos com energia.
Outra ação recente foi a criação do Comitê da Mulher na Indústria, órgão consultivo que tem como propósito desenvolver ações que estimulem a adoção de práticas direcionadas ao engajamento da mulher no segmento industrial.
O posicionamento e comprometimento das entidades do Sistema FIEB com a sustentabilidade social, ambiental, econômica pode ser conferido no Relatório de Sustentabilidade, que reúne outras ações adotadas pela instituição.
