Agenda ambiental provoca mudanças nas ações e prioridades do setor industrial

As questões ambientais estão no centro do debate mundial. O aumento da consciência global sobre o impacto das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade sobre as populações e territórios, bem como sobre a oferta de matérias primas e insumos, impõem mudanças de comportamento e a adoção de práticas industriais norteadas pela sustentabilidade. O Sistema FIEB está atento à necessidade de apoiar o setor industrial baiano no rumo da neoindustrialização: processo de modernização e evolução da indústria que enfatiza a inovação, compromisso ambiental e integração com cadeias produtivas internacionais.  

A busca por uma produção mais sustentável tem indicado tendências importantes, incluindo o modelo powershoring, que designa as estratégias ancoradas na oferta de energia limpa e de baixo carbono e promove a relocalização industrial para centros que oferecem energia limpa, segura, barata e abundante. Nesse cenário, o Brasil pode exercer um papel protagonista, já que possui 84,25% da sua matriz energética baseada em fontes renováveis. E a Bahia tem posição de destaque, pois detém o maior potencial do país para a produção de energia limpa, notadamente de origem eólica e solar, além da geração via biomassa, que pode aproveitar o material das florestas plantadas, bagaço de cana e outros resíduos do agronegócio. 

“É uma oportunidade para a Bahia a necessidade que o mundo tem de uma transição energética, de um mundo mais sustentável, o de conciliar sua produção primária de produtos agrícolas, de produtos minerais, com a produção de energia e, através disso, buscar a produção de produtos de maior valor agregado, utilizando-se desses recursos”, afirma o presidente da FIEB Carlos Henrique Passos. “E para isso  o Sistema FIEB tem buscado contribuir, através do SENAI Cimatec, no desenvolvimento de pesquisas, de inovação, fazendo através da economia circular um melhor aproveitamento dos insumos básicos que são aproveitados da natureza”. 

O suporte às práticas industriais mais sustentáveis está inserido em múltiplas frentes do Sistema FIEB. A Gerência de Meio Ambiente e Responsabilidade Social (GMARS) disponibiliza serviços gratuitos através da Assessoria FIEB Online, com o objetivo de apoiar as empresas, especialmente as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), no atendimento aos requisitos mercadológicos e legais ambientais/sanitários, como a obtenção de licenças, assim como de Responsabilidade Social Empresarial, em alinhamento  com as vertentes de ESG – Environmental, Social, Governance (Meio Ambiente, Social e Governança Corporativa). O serviço integra o Projeto Indústria Baiana Sustentável e, como é online, pode ser acessado por empresas localizadas em qualquer lugar do estado.

Em 2022, a FIEB reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade tornando-se signatária do Pacto Global, iniciativa da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. No ano seguinte,  tornou-se organização âncora do HUB ODS Bahia, parte da Rede Brasil Pacto Global, com o desafio de promover o engajamento regional na adoção de práticas ESG visando o atingimento das metas dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. 

Na vertente de Responsabilidade Social Empresarial, o Banco de Práticas Sustentáveis da Indústria Baiana FIEB oferece suporte às empresas na elaboração de projetos que atendam aos requisitos da sustentabilidade. Já os Bancos de Articulações Sociais FIEB apoiam a conexão entre a indústria e projetos comunitários, possibilitando que excedentes de produção, materiais recicláveis e/ou reutilizáveis sejam transformados em benefícios sociais e novos produtos. 

Todas as ações desenvolvidas pela Federação nas áreas ambiental e de responsabilidade social podem ser conhecidas através do Relatório de Sustentabilidade, disponível no Portal FIEB.

^{_{<< A gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB, Arlinda Negreiros. Foto: Gilberto Júnior/Coperphoto/Sistema FIEB.}}

Práticas sustentáveis na indústria baiana

O Sistema FIEB promove, a cada dois anos, o Prêmio FIEB Indústria Baiana Sustentável, que tem o objetivo de valorizar as iniciativas do setor que mais contribuem para o avanço do desenvolvimento sustentável do estado. Em 2023 o prêmio chegou a sua 14ª edição, na qual 94 projetos concorreram distribuídos em quatro modalidades: Micro/Pequenas empresas; Práticas de Gestão Sustentável e Responsabilidade Socioambiental; Tecnologias Sustentáveis; e Trabalhos da Academia (pós-graduação) e de Centros de Pesquisas Aplicadas com foco em inovações tecnológicas sustentáveis na indústria.

E a indústria da Bahia vem se destacando e obtendo também outros reconhecimentos na área de sustentabilidade. Um exemplo disso é o Complexo Acrílico da BASF em Camaçari, que é a primeira unidade de produção da empresa na América do Sul a obter a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC Plus) para a produção de produtos com balanço de biomassa ou com o selo Ccycled®, utilizando matérias-primas sustentáveis. Estes produtos oferecem o mesmo desempenho e qualidade que os produtos convencionais, com a vantagem de ter uma menor pegada de carbono e contribuir para a reciclagem de resíduos. 

Outra iniciativa da multinacional foi o desenvolvimento de uma metodologia própria para calcular as emissões de gases de efeito de estufa de cerca de 45 mil produtos comercializados pela empresa no mundo todo de maneira automatizada, chamada SCOTT – Strategic CO2 Transparency Tool. Agora, a Basf pretende compartilhar o sistema para fomentar debates no setor e por conta da percepção da empresa de que seria melhor se todo o mercado utilizasse o mesmo padrão de cálculo para medir as emissões dos produtos.

O hidrogênio verde é outra aposta do setor industrial. Além da fábrica da Unigel, que está sendo implantada em Camaçari e é a primeira do tipo no Brasil, essa tecnologia tem inspirado diversas iniciativas ligadas ao SENAI Cimatec, como o  Atlas do Hidrogênio Verde da Bahia (mapeamento do potencial do Estado na transição energética, realizado para o Governo do Estado da Bahia); o HUB H2V voltado para a produção, armazenamento e transporte de hidrogênio verde; e o Centro de Competências em Hidrogênio Verde, que vai estudar as rotas de produção e distribuição do produto, bem como o seu uso e aplicação em diversos setores da indústria. Além disso, o MBI em Hidrogênio Verde é uma pós-graduação fruto da parceria entre o SENAI Cimatec, agência alemã de cooperação internacional, GIZ, e o governo alemão para promover a capacitação na área.

O presidente FIEB, Carlos Henrique Passos, e o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec, Leone Andrade, participaram agora em maio da missão sobre Hidrogênio Verde que os governadores do Consórcio Nordeste realizaram na Europa, inclusive o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.  O objetivo da ação foi conhecer melhor a cadeia, as demandas e políticas da Europa com relação ao H2V.

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