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29 de abril de 2022

Setor têxtil tem perspectiva de baixo crescimento em 2022, aponta presidente da ABIT

FIEB Sindicatos
Fernando Pimentel participou da primeira edição da feira Bahia Expo & Negócios. Foto: Divulgação / ABIT.

O ano de 2022 será de baixo crescimento para o setor têxtil do Brasil. É o que estima o presidente da Associação Brasil da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, que participou nesta quinta-feira, 28.04, da abertura da primeira edição da feira Bahia Expo & Negócios, que acontece no Centro de Convenções de Salvador. A iniciativa conta com o patrocínio das federações das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB) e da Bahiagás e apoio da Prefeitura de Salvador.

Pimentel, que veio à capital baiana a convite do presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário do Estado da Bahia (Sindvest), Hari Hartmann, falou sobre as perspectivas e desafios do setor no Brasil e na Bahia. Confira.

Qual é a situação do setor têxtil e de vestuário no Brasil atualmente?

Todos sofrendo bastante a pressão dos custos que não param de subir e uma demanda que não está forte. Pelo contrário, a demanda está contida em função das questões que todos têm acompanhado: índices inflacionários elevados, consumindo muito a parte de alimentos, transporte e energia o orçamento das famílias. Somos um país que tem uma perspectiva de crescimento baixo este ano e isso dificulta bastante a performance setorial. Então tem duas pontas: uma ponta que é a pressão de custo e a outra ponta que é uma demanda que não está puxando de maneira sustentada e forte. Isto está colocando as empresas numa gestão de caixa muito difícil para dar conta deste descompasso entre custos e preços de venda advindos deste desequilíbrio que o mundo está passando e o setor têxtil, também.

E como está o cenário na Bahia?

A Bahia tem uma representatividade interessante, muito calcada nas empresas de menor porte e tem, no polo de Camaçari, empresas de produtores de fios sintéticos. É um estado grande, com 15 milhões de habitantes, essa quantidade de pessoas ajuda no consumo, mas o consumidor está empobrecido. Claro que o Auxílio Brasil que está sendo fornecido ajuda neste momento difícil e, aqui no Nordeste, na Bahia em particular, um grande número de famílias recebe esse auxílio. Mas ele é destinado fundamentalmente para atender a necessidade principal que é a alimentação. Vestuário faz parte dos bens de primeira necessidade, no entretanto é uma compra postergável, de uma certa maneira. Então essa pressão nos custos alimentares, nos custos de transporte e energia tem tirado a capacidade de consumo de outros itens e na Bahia não é diferente. Em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, é um pouco diferente, mas no cenário brasileiro como um todo não tem nenhum destaque no sentido consumo muito forte. Estão todos administrando um processo de stress nas redes de suprimento, que é mundial, inclusive. A guerra Rússia-Ucrânia, a pandemia ainda trazendo efeitos, o lockdown na China, tudo isso criando muito desequilíbrio. Então, o setor têxtil da Bahia reflete um bocado o que é o setor têxtil e de confecção no resto do Brasil.

Quais são as perspectivas do setor têxtil para o ano de 2022?

Estamos com uma expectativa de crescimento baixo, acompanhando um pouco o PIB: 0.8%, 1%, não mais do que isso. Isso não é homogêneo, tem segmentos do setor que vão melhor, outros segmentos não vão tão bem. Essa perspectiva é uma média. Eu diria que nos próximos dois, três meses, um dos fatores que pode ajudar são datas festivas. Teremos a próxima data, o Dia das Mães, que é um segundo Natal, também o Dia dos Namorados, Dia dos Pais. Concomitante a isto, temos a oportunidade de ter um bom inverno. Sei que as compras de inverno não fazem parte do calendário da Bahia e do Nordeste, de uma forma geral, mas fazem parte do Sul-Sudeste, que concentra uma grande capacidade de consumo. Isso tudo faz diferença na perspectiva dos resultados para esse ano. Mas, no geral, estamos esperando algo próximo do crescimento do PIB, não mais do que isso.

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