Refino verde na Bahia é tema de workshop realizado na FIEB
Com o objetivo de discutir a implementação da cadeia produtiva do refino de baixo carbono e políticas necessárias à regulamentação da transição energética, especialmente em relação ao Hidrogênio Verde, representantes das principais organizações do setor reuniram-se, nesta segunda-feira (10), no Workshop Bahia Estado Sede do Refino Verde no Mundo. O evento foi uma realização da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP).
De acordo com os organizadores do evento, realizado na sede da FIEB, as entidades estão unindo forças para construir uma política de fortalecimento para o desenvolvimento de um Hub de Cadeia de Hidrogênio Verde e seus Derivados no Estado. A proposta é atrair instituições e empresas que possam aderir à ideia de fomento à criação e implementação de um empreendimento, com a participação de grandes companhias do setor, a ser instalado no Polo de Camaçari, onde será produzido hidrogênio verde e seus derivados. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Angelo Almeida, o evento tem como objetivo trazer o protagonismo do tema para o estado. “Trazer todos esses especialistas e players para discutirmos aqui é promover a convergência que este assunto requer”, disse.
Para o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e diretor superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, o Nordeste, pelas suas características, será centro do próximo ciclo de crescimento brasileiro, e vai atrair muitos investimentos. “Diante disso, o Brasil tem que ter uma agenda geopolítica pragmática e vamos ter que resolver alguns problemas. Um deles é: quanto custa essa rolagem da dívida pública brasileira em que a gente paga taxas de juros supra normais? O spread bancário no Brasil é de 27%, enquanto a taxa média no mundo é de 7%. Isso anula quase todas as vantagens competitivas que o Brasil tem para construir o seu futuro. Vamos continuar regredindo, enquanto o rentismo produtivo continuar dominando todas as instituições brasileiras”, cravou.
O ex-presidente da Petrobras e professor, José Sérgio Gabrielli, falou sobre o potencial da Bahia para a produção de Hidrogênio Verde, em função da sua capacidade de gerar energia limpa (eólica e solar). Ele explicou que, no interior da Bahia, há duas vantagens: ventos unidirecionais que se aceleram à noite e, durante o dia, sol, complementando-se. “Temos também o polo com redes de transmissão para a região produtora de eólica já instadas, o que diminui o custo. E há ainda uma terceira vantagem, que o Polo de Camaçari tem uma central de tratamento de efluentes líquidos que gera água, que pode ser usada para produzir hidrogênio”, detalhou.
Gabrielli, porém, apontou problemas na legislação. “Há ausências sobre diferenciação entre hidrogênio verde e de baixo carbono, sobre estímulos à oferta e à demanda, além de termos uma certificação muito influenciada na europeia, entre outras questões”, pontuou.
O presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, falou sobre a necessidade de regulação para a atividade. O PL 2.308/2023, de autoria do senador Otto Alencar (PSD-BA), que estabelece a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono com incentivos fiscais e financeiros, ainda não foi votado. “Temos a necessidade de aprovação do marco legal, porque há muitos investimentos aguardando esta definição legal. O tempo passa e os outros países estão agindo, precisamos tomar decisões. Temos, de fato, uma janela de oportunidades, mas a convergência de astros não é eterna. Se não sentarmos neste cavalo selado, daqui a pouco vamos vê-lo partir como um cavalo selvagem”.