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9 de maio de 2025

Quando a mãe volta a estudar, toda a família aprende junto

EJA SESI

Pesquisa do Ipea mostra que a escolaridade da mãe influencia diretamente o desempenho dos filhos. Na EJA SESI, essa transformação é real: tem nome, voz e inspiração

Adejane Santos (D) e a filha concluíram os estudos na EJA do SESI Bahia. Foto: Arquivo pessoal

“Mãe que estuda, muda a história da casa toda.” A frase resume o que Adejane Silva Santos, de 39 anos, viveu nos últimos anos. Mãe de duas meninas e avó recente, ela voltou a estudar depois de adulta, passou pela Educação e Jovens e Adultos (EJA) do Serviço Social da Indústria (SESI), cursou o ensino médio com a filha e, juntas, já estão na faculdade. “A gente levava minha netinha para a aula com a gente. Concluímos o ensino médio de mãos dadas e hoje cursamos pedagogia. Tudo isso só foi possível porque eu decidi retomar os estudos”.

O que o relato de Adejane traduz em emoção, a pesquisa do Ipea reforça com dados. O estudo “O Peso do Passado no Futuro do Trabalho: a Transmissão Intergeracional de Letramento” aponta que o grau de escolaridade da mãe tem forte impacto na educação e no futuro profissional dos filhos. A escolaridade materna influencia inclusive a capacidade de manusear tecnologias, o desempenho escolar e o acesso ao mercado de trabalho.

Adejane teve uma trajetória marcada por pausas: começou os estudos tardiamente, casou cedo, teve a primeira filha aos 19 anos e precisou interromper a escola várias vezes. Só retomou com regularidade quando decidiu se mudar para ajudar a filha a concluir os estudos. “Ela disse que ia desistir porque não tinha com quem deixar a filha. Eu larguei tudo e vim para Teixeira de Freitas ajudar. E aproveitei para estudar também. Juntas vencemos”.

A estudante de pedagogia relata que a influência foi imediata. “Minha filha mais velha disse que se inspirou em mim. A pequenininha, de 10 anos, vê minha luta, sabe que chego do trabalho e, mesmo cansada, ligo o notebook para ver as aulas, adiantar a atividade, e ela chega, oferece um café, já pega a bolsa dela com o caderno e se senta do meu lado para estudar também. É uma corrente boa que começa com o exemplo”.

A EJA SESI tem papel fundamental nessas histórias. Com mais de 10 mil vagas abertas anualmente, o programa oferece ensino fundamental e médio a jovens e adultos, com metodologia flexível e ambiente acolhedor. “Nunca é tarde. Se todos os pais soubessem o quanto isso incentiva os filhos, ninguém parava de estudar”, afirma Adejane.

Um dos principais diferenciais da EJA SESI é a Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS), que identifica e valoriza os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, permitindo ao estudante reduzir o tempo de conclusão do curso. A formação é ofertada no formato híbrido, com 80% da carga horária a distância e 20% presencial, o que foi um fator fundamental para Adejane voltar aos estudos.

Educação para Jovens e Adultos

“Quando eu estava no SESI, a gente levava a nenenzinha, minha netinha foi vários dias com a gente, até porque só era duas vezes na semana. Assim concluímos juntas, graças a Deus, e ao ensino, com professores que nos recebem de braços abertos”, contou Adejane que logo fez o vestibular com sua filha. Ambas passaram e conseguiram uma bolsa de 50%.

No SESI, os alunos contam com material didático exclusivo, adaptado à sua realidade, além de acesso a uma plataforma on-line com ambiente virtual de aprendizagem, ferramentas interativas e acompanhamento pedagógico individualizado, feito por professores experientes.

Há também o EJA Profissionalizante, onde os estudantes participam de aulas práticas de qualificação em laboratórios modernos do Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI). Como benefícios complementares, a EJA oferece ainda um Programa de Saúde Bucal e, nas cidades de Salvador, Camaçari, Ilhéus e Luís Eduardo Magalhães, um auxílio-transporte mensal de R$150.

Ainda pensando em unir a educação ao mercado de trabalho, neste ano, foram lançadas mais três mil vagas do chamado “SEJA PRO+”, voltado para cursos de formação e qualificação ao público do EJA, por meio de uma parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O programa prevê a capacitação em mão de obra nas indústrias e noções básicas de direitos dos trabalhadores, sendo que ao final do curso, uma lista com o nome dos alunos concluintes será encaminhada ao MTE, para ampliar as oportunidades profissionais, já que a elevação da escolaridade proporciona mais do que um diploma; ela abre portas para autonomia, crescimento profissional e pessoal, como acontece com Adejane.

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