“Indústria é a mãe da inovação”, afirma Mateus Couto, diretor de inovação aberta da ABAS
Um dos convidados do IEL Conecta – Indústria para o Futuro, que teve seu primeiro evento realizado em 04/02, na FIEB, o empresário de tecnologia e inovação, fundador da Solvum, Mateus Couto, falou sobre Neo indústria, IA aplicada, economia global e vertentes que os empresários devem trabalhar pra que eles possam inovar e crescer. Na ocasião, o diretor de inovação aberta e governança da Associação baiana e de Startups – ABAS, falou sobre inovação no meio industrial. Leia abaixo a entrevista:
- A indústria é formada por um grupo mais conservador, que avalia e pesa prós e contras antes de arriscar e investir. O que você propõe para este público?
Mateus Couto – Eu trouxe para o evento um pouco do que chamo de “incômodo positivo”. Vejo que mesmo as empresas mais clássicas, mais conservadoras também precisam fazer renovações. Vejo que empresas novas, que deram a largada muito depois da fundação dessas mais clássicas, em muitos casos já estão muito maiores. E, muitas dessas empresas também são conduzidas por pessoas de uma mesma linha de comportamento, são dos mesmos segmentos, estão na mesma faixa etária. O diferencial para elas crescerem mais é a mentalidade, a vontade de crescer e a vontade de inovar, isso passou a ser um pensamento prioritário. A indústria mãe da inovação. A gente precisa resgatar, até na história, de onde vieram as tecnologias. Se ela (indústria) é a mãe, por que paramos?
2. Você acha que isso tem relação com a questão do risco, o receio de fazer investimentos e dar errado, o que acarreta perdas significativas?
MC – Eu acredito que é mais o desconhecimento sobre os fundos de investimento. Você tem a EMBRAPII, você tem o próprio BNDES, você tem fundos específicos, além de organizações como a FIEB, que trabalham muito em cima de iniciativas de nova industrialização, então, talvez esses empresários não saibam como acessar esse tipo de fundo, esse tipo de recurso. Nesses casos, um escritório de projetos pode ajudar a inovar. A gente também tem que trazer o seguinte: as empresas boas sempre têm um orçamento, uma verba dedicada para a inovação, mas é uma questão de governança. Se você fica na zona de conforto, você não cresce.
3. Os empresários se queixam dos custos para empreender…
MC – Se você escolheu empreender, reclamar não é com você. Tem que dar solução. Se tenho esse problema, quem é que me ajudar? Esta é a mentalidade que a gente quer trazer também para as pessoas.
4. E na sua visão, qual é mesmo a maior dificuldade para quem pensa em inovar, mas não sabe por onde começar?
MC – Eu acredito que são duas dificuldades. A primeira é esta mentalidade, de gente que prefere conviver com o problema a resolvê-lo. E o segundo é a questão de isolamento. A gente não tem o hábito de conversar com outro, expor nossas dores, isso já impede de encontrar caminhos. A solução tá do seu lado e você não acessa. Você tem que compartilhar aquilo que dói dentro da sua empresa, são hábitos que nós ainda não temos dentro do nosso empresariado. Se a gente muda isso, já melhora muita coisa.