“Imprevisibilidade econômica gerada por Trump impacta o mundo todo”, afirma Roberto Gianetti da Fonseca
Convidado especial da Rodada de Diálogos do Conselho de Comércio Exterior (Comex) da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), realizada na última sexta-feira (28), o economista, escritor e especialista em Comércio Exterior, Roberto Giannetti da Fonseca falou sobre a transição geopolítica e o comércio global – riscos e oportunidades para o Brasil.
Fonseca destacou ainda o processo de reversão geopolítica, em que aliados e adversários estão se reconfigurando após o presidente americano assumir o poder, fazendo com que o mundo se divida entre democratas e autocratas. “Não se pode negar que Donald Trump se aproxima do grupo dos autocratas, com Putin. Suas medidas unilaterais e protecionistas afetam taxas de câmbio, acesso a mercados e tarifas, trazendo insegurança para os negócios aqui e lá fora”, cravou.
Roberto Giannetti da Fonseca tem larga experiência em comércio exterior e relações internacionais, tendo sido presidente da Cotia Trading, secretário executivo da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior no governo de Fernando Henrique Cardoso, dentre tantas outras incumbências, como ex-presidente da FUNCEX – Fundação Centro de Estudos de Comércio. É autor dos livros ‘Memoriais de um Trader’ (2022) e ‘Penúltimas Memórias’ (2023). No encontro na FIEB, ele também autografou seu recente livro sobre o comércio exterior, ‘Penúltimas Memórias’.
De acordo com o presidente do Comex, Wilson Andrade, que também preside o Sindifibras, o Conselho tem promovido diversos eventos, abordando as disputas e acordos no cenário geopolítico global, especialmente as ações de EUA, China, Rússia e Europa. “A Bahia, como todos os países produtores, deve procurar os setores onde tem mais vantagem competitiva. E nós podemos citar um exemplo de competitividade que é o setor florestal, cujos investimentos crescem de forma acelerada no Brasil. Os investimentos florestais significam mais empregos qualificados, capacitações permanentes, tecnologia, renda, impostos e contribuições sociais e ambientais de elevada significância – contribuindo com a desconcentração da economia. Com capacidade própria de investimento e com alta tecnologia de ponta, é um setor de bioeconomia em larga escala, que produz sustentavelmente mais de 5 mil itens de uso cotidiano”, explica.
Para o vice-presidente do Conselho, Caio Zanardo, o Comex é essencial para as empresas que participam e percebem a importância de o comércio exterior brasileiro estar antenado com as questões mundiais. “A fala de Roberto Fonseca é muito importante para entender justamente a transição geopolítica e o papel do Brasil nesse comércio global. Quais são os riscos e oportunidades que a gente pode ter para o Brasil se posicionar. Percebemos que o Brasil é um país continental, mas podemos atuar localmente. Não é a primeira vez que a gente passa por turbulências, momentos de redefinições geopolíticas, e estar antenado ao que está acontecendo vai nos favorecer a trazer maiores benefícios possíveis desse comércio internacional”, disse Zanardo que é também diretor- presidente da Veracel.
“O momento no qual vivemos em todo o mundo requer de todos nós, além de muita consciência, muita reflexão. Os conflitos bélicos e a polarização política global, acirram a instabilidade geopolítica, trazendo grande apreensão para as nações de todo o planeta. No âmbito do Comex, vimos ampliando essa discussão com o intuito de podemos aportar nas discussões os mais diversos pontos de vista”, acrescenta César Meireles Reis, mestre em administração pela UFBA, com larga experiência em logística e comércio exterior; cofundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), é membro do Comex e sócio-diretor da TALENTLOG Consultoria.
“O momento atual aponta para crescentes dificuldades globais no fluxo de comércio exterior em função da onda protecionista desencadeada pelos EUA. A presença de Gianetti, renomado economista e estudioso de relações internacionais e do comércio exterior, objetiva ouvi-lo a respeito das suas percepções do cenário atual e prospectivo de modo a contribuir com o Comex para a identificação de oportunidades para a Bahia”, informa Reinaldo Sampaio, economista, empresário e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS).
*Com informações da assessoria de comunicação da Abaf