Fórum das Mulheres destaca avanços e desafios da presença feminina na construção civil

Na última quinta-feira (16), a ConstruNordeste foi palco do II Fórum das Mulheres – Mulheres que Fazem e Acontecem, um espaço de diálogo, troca de experiências e fortalecimento da presença feminina no setor da construção civil. O evento reuniu lideranças da indústria, gestoras públicas e representantes de entidades para discutir políticas de inclusão, desafios e avanços na trajetória das mulheres no setor.

A palestra de abertura foi conduzida pela engenheira Ana Cláudia Nascimento, diretora de Planejamento da Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), que compartilhou os resultados das políticas de diversidade adotadas no metrô baiano. Segundo ela, em 2013, apenas 12% da força de trabalho era composta por mulheres. Hoje, esse número subiu para 32%. “Uma das nossas estratégias foi abrir vagas exclusivas para mulheres, além de promover um ambiente de trabalho mais inclusivo”, destacou Ana Cláudia.

A mediação ficou por conta de Arlene Vilpert, vice-presidente do Comitê da Cadeia Produtiva da Construção Civil e do CIEB, que ressaltou a sobrecarga enfrentada por muitas mulheres e a importância de lideranças sensíveis às questões de gênero. “As mulheres desenvolvem muitos papéis e precisam do olhar atento de quem lidera para receber oportunidades reais”, afirmou.

Fernanda Lordêlo, secretária municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, falou sobre o projeto “Maria da Construção”, desenvolvido em parceria com o SENAI Bahia desde 2019. A iniciativa busca quebrar barreiras e incentivar a ocupação feminina nos espaços tradicionalmente masculinos. “O objetivo é tirar mulheres da zona de conforto e mostrar que esses espaços também pertencem a elas. Muitas chegam desacreditadas, mas saem transformadas”, relatou.

Representando o setor industrial, Renata Muller, vice-presidente da FIEB e presidente do Comitê da Mulher na Indústria (CMI), defendeu que as mulheres devem ocupar espaços ainda predominantemente masculinos como mecanismo de transformação. “Eu sou “cota” na FIEB, e acredito que isso é necessário para redefinir espaços. Precisamos de mulheres líderes para puxarem outras”, pontuou.

Flávia Pedreira, sócia-diretora da Mineração Oeste e diretora do Sindical, apresentou dados de uma pesquisa feita junto ao Observatório da Indústria, mostrando que apenas 20% das posições de liderança na indústria baiana são ocupadas por mulheres. Por outro lado, 80% das empresas do setor incentivam a diversidade, e 60% já aplicam ações práticas. “A FIEB é um exemplo deste tipo se ação, está na vanguarda com o CMI, que virou referência para outras federações. Promovemos o programa Conexão Mulher e buscamos uma indústria onde o talento seja reconhecido, independentemente do gênero”, afirmou.

A presidente do IBAPE/BA, Maria Teresa Cerqueira, destacou a importância da comunidade e das redes de apoio para o fortalecimento das mulheres na profissão. Ela também compartilhou detalhes do “Programa Mulher”, voltado ao acolhimento e formação técnica.

Fechando o painel, Elaine Eneiva, gerente de obras da Moura Dubeux, relatou a experiência da empresa com turmas exclusivamente femininas no projeto MD Social. “Em 2024, formamos a primeira turma totalmente feminina. Das 20 participantes, contratamos 18. Elas trazem outras mulheres, e hoje temos atuação em sete estados. O poder da escuta transforma um canteiro de obras”, declarou.

O Fórum das Mulheres consolidou-se como uma vitrine de iniciativas inspiradoras e um catalisador para mudanças estruturais, evidenciando que, cada vez mais, as mulheres estão fazendo e acontecendo na construção civil.

Veja abaixo um pouco de como foi o Fórum: