Construção Civil deve crescer, avalia economista da CBIC durante Constru Nordeste
A Construção Civil cresceu 0,7% no segundo trimestre deste ano, iniciando uma recuperação após um período de queda entre os últimos meses de 2022 e o início de 2023. O cenário é promissor, pois a expectativa do setor é que a taxa de juros continue em queda e a inflação siga subindo menos do que esperado, de acordo com a economista Ieda Vasconcelos, da Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC), no primeiro dia de Constru Nordeste, 1º encontro nacional do setor, que acontece na capital baiana de 20 a 22 de setembro.
Convidada para falar sobre os indicadores da Construção Civil, Ieda explicou que o patamar é superior ao do período pré-pandemia, mas ainda quase 20% abaixo dos picos de atividades que alcançou em 2014. “Aquele ciclo de supercrescimento acabou e estamos iniciando um novo, com retomada de projetos do PAC e Minha Casa Minha Vida, além de expectativa de continuidade da queda da taxa de juros e crescimento da inflação abaixo do projetado”, avaliou.
A economista trouxe dados da Bahia, que situam o estado como o de maior participação do PIB da Construção Civil no país, com mais de 6%, além de responder pela contratação de 136 mil trabalhadores com carteira assinada no setor este ano, sendo que os municípios que mais contrataram foram Lauro de Freitas e dois do Oeste. “No caso da Bahia, esses municípios recebem influência do agronegócio, e da expansão dos investimentos em energia renovável, que acabam refletindo na cadeia do mercado imobiliário”, afirmou o presidente da FIEB em exercício, Carlos Henrique Passos, presente no evento.
Para ele, porém, a Bahia e o Nordeste deixam de receber novos investimentos no setor por falta de infraestrutura adequada, pois o estado não tem densidade ou PIB atrativos. Ele crê, no entanto, que as novas obras do governo aquecerão o mercado em 2024. Neste sentido, o presidente do Sinduscon-BA, Alexandre Landim, afirmou que “este é o momento de ativar novas obras, pois contamos com uma cadeia de suprimentos mais regrada. A Bahia vai receber 11 mil unidades do Minha Casa Minha Vida, e se a taxa de juros, que tem uma relação direta com o mercado, seguir caindo, teremos crescimento do setor”, disse.
O painel, que contou ainda com a participação da vice-presidente do CIEB, Arlene Vilpert, faz parte de uma série de palestras e debates sobre o setor que integram a programação do evento. No painel sobre Construção 4.0, o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec, Luis Breda Mascarenhas, destacou o esforço que ainda é fazer pesquisa científica com aplicação industrial no Brasil. “Muitas vezes, as pesquisas estão distantes das empresas e precisamos vencer essas barreiras. O setor da Construção ainda é tradicional, mas tem espaço para avançar, podendo converter tecnologias de outros setores para uso específico, como aconteceu com a inspeção de fachadas com drone”, citou.
Inovação – O IEL Bahia realizou uma Maratona de Ideias com estudantes 60 de cursos de cursos técnicos, graduação e pós-graduação nas áreas de Arquitetura e Engenharia Civil. A consultora de Inovação da entidade, Mirele Aquino, explicou que a dinâmica é um jogo em que é lançado um desafio. “Eles têm quatro horas para desenvolver soluções, que são avaliadas por especialistas em Inovação, tudo com base em Design Thinking”, contou.
O IEL também realizou, em parceria com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEB, uma rodada de negócios de empresas âncora da área da Construção Civil (Sertenge, Coopercon, Grafico, Cubo, Concreta e Kofre) com 70 fornecedores. “A ideia é aproximar vendedores e compradores de produtos e serviços da cadeia”, explica a superintendente em exercício do IEL Bahia, Edneide Lima.
Já o CIN está realizando rodadas de negócios com foco em exportação. Cinco traders brasileiros, que representam empresas da Espanha, Uruguay, EUA, África e China, com 24 fornecedores baianos de de revestimentos, mármore, granito, móveis e fardamento. Para Ana Carla Oliveira e Aretha Araújo, da Mult Trading, o evento é uma excelente oportunidade. “Estamos enxergando novas oportunidades de fazer o comércio crescer, há uma carência em exportação na área da Construção Civil. Aqui identificamos as possibilidades, mas este já é um primeiro passo para habilitar o radar, conhecer a burocracia, e adequar o produto”, afirmou Aretha.
Veja abaixo um pouco do que aconteceu no 1º dia de Constru Nordeste, no Centro de Convenções, em Salvador. Fotos: Jefferson Peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB.