ARTIGO: Mineração preparada para decolar
Por Ricardo Kawabe, administrador, e Thobias Silva, economista | Observatório da Indústria FIEB*
O setor industrial da mineração ocupa posição de destaque na economia da Bahia. Líder nacional na produção de 19 diferentes minerais, a Bahia também se destaca em relação à arrecadação e como provedora de matérias-primas para diversas cadeias produtivas. O desempenho do setor, no entanto, esbarra em desafios estruturais que se perpetuam historicamente, limitando o impacto na geração de riqueza para o estado.
A mineração na Bahia responde pela terceira colocação, atrás de Minas Gerais e do Pará, na Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais. Foram R$ 168 milhões de arrecadação, em 2023.
Na produção de minérios, o Estado detém uma variedade de recursos passíveis de exploração. Minério de ferro, vanádio, bauxita, cobre, níquel, ouro, fosfato, além de uma das maiores reservas de diamantes do Brasil estão nesta lista.
Outro fator é que há exploração mineral em 242 dos 417 municípios do estado. A atividade gera emprego, renda e desenvolvimento em localidades situadas em regiões historicamente desprovidas de vetores econômicos de produção intensiva.
A mineração também é responsável por empregar diretamente na Bahia mais de 17 mil pessoas, com salários médios de R$ 5,3 mil, acima da média do estado, que é de R$ 2,8 mil, e do Brasil, R$ 3,5 mil.
Para além dos efeitos imediatos da elevação de renda e aumento da média salarial local, as atividades de mineração geram receitas para os governos estadual e municipais, na forma de impostos, royalties, dentre outros. O impacto pode se traduzir na promoção de programas de educação, saúde e na melhoria dos serviços públicos, gerando um impacto socioeconômico ainda mais significativo.
A atividade mineral também impacta a balança comercial do estado e nacional, com produtos como ouro, níquel, cobre, ferrosilício e minérios de ferro em destaque na pauta de exportações. Em 2023, a mineração contribuiu com cerca de US$ 1,5 bilhão ou 13% do total exportado pelo estado, gerando divisas estrangeiras para o país e favorecendo a balança comercial brasileira.
No entanto, para o setor expandir ainda mais na Bahia é fundamental uma maior e melhor infraestrutura em rodovias, ferrovias, portos e energia. Um dos exemplos mais emblemáticos é a dificuldade para o crescimento da extração de minério de ferro em Caetité, à espera conclusão da Ferrovia Oeste Leste (FIOL).
A Bahia dispõe de enorme potencial e não pode desperdiçar a oportunidade de geração de riqueza usufruindo dos benefícios trazidos pela indústria da exploração mineral. Mais do que tudo, é preciso que os diversos entes públicos aproveitem a oportunidade de transformar os resultados do setor em mais riqueza e desenvolvimento local. Somente assim será possível gerar um ciclo virtuoso de novas perspectivas para a Bahia.
*Artigo publicado na edição do Jornal Correio desta segunda-feira 4/3/2024